quinta-feira, 12 de março de 2009

91 - Viagem ao Mapuá, 1º dia


Domingo, 1º de março
Rumo ao Mapuá

Já eram quase 1 hora da manhã do domingo, dia 1 º de março quando eu cheguei ao barco Santo Ezequiel Moreno. Lá já estavam Paulo, o comandante do barco e o senhor Conrado, um senhor aposentado que sempre acompanha um dos padres nas viagens, que vou aqui chamar de “Periquitinho”, pois é assim que o frei o apelidou. Paulo me recebeu e me ajudou a armar a rede, tive um pouco de dificuldade para dormir por causa dos carapanãs, mas tudo se ajeitou e quando deu 4 horas da manhã, Paulo ligou o motor do barco para nossa partida, frei Ronaldo, nosso pároco, se juntou a nós e saímos com destino ao rio Mapuá, previsão de 14 horas de viagem contínua. Voltei a dormir em poucos minutos e quando acordei estávamos parados junto à margem direita do rio e eu ouvia Paulo no por ao do barco pedindo uma determinada chave a Periquitinho. O barco vazava óleo em grande quantidade e isso poderia ser um problema. Ajustadas as coisas em cerca de meia hora, seguimos viagem. Tínhamos a pretensão de chegar a Comunidade de Santa Rita por volta das 19 horas e lá celebrar uma missa.
Passava das 12 horas quando chegamos ao rio Aramã e paramos em uma comunidade com o objetivo de comprar uma junta de cabeçote, já que o óleo continuava a vazar, mesmo que em pouca quantidade. Não conseguimos a junta, porém, muito atencioso, um comerciante chamado Antonio Felix providenciou silicone para nós, o que já iria resolver o nosso problema de imediato. Não ficamos por muito tempo, após adicionarmos o silicone à junta de cabeçote, seguimos viagem e veio a primeira tempestade.
Na pequena cozinha da embarcação, Sr Periquitinho preparava nossa refeição dominical, uma conserva de carne bovina, não chegava a ser um banquete, mas bastante agradável.

Alcançamos o rio Mapuá, e à medida que avançávamos em suas águas, mais escuras elas se tornavam, parecia um grande depósito de coca-cola. O setor que iríamos visitar está exatamente nesse rio e nos seus afluentes, são 20 comunidades, algumas com muitas horas de distância entre elas. Diferentemente do ano anterior a paróquia resolveu que a visita começaria da última comunidade até alcançarmos a comunidade que está no inicio do rio. Os ribeirinhos já aguardam essa visita e à medida que fomos passando em frente de algumas dessas comunidades Paulo tocava a forte buzina do barco para saudar seus moradores, também durante todo o percurso, em muitas casas ribeirinhas, estavam do lado de fora e aguardava o aceno, o carinho dos que passam nos barcos, são pessoas que vivem um isolamento e aguardam com ansiedade que uma visita como essa aconteça. Antes de chegar à comunidade veio a segunda tempestade. 18 hortas e 30 minutos do 1º domingo da quaresma, chegamos à comunidade de Santa Rita no Rio Cumaru, braço do Rio Mapuá, fomos recebidos por algumas pessoas, especialmente da liderança da comunidade, a visita propriamente dita era na segunda-feira. Entreguei 3 bíblias ao dirigente da comunidade, Paulo Roberto, para cumprir nosso compromisso de distribuir bíblias aos ribeirinhos, nessa viagem trouxemos 54 bíblias novas e mais algumas usadas, a fim de entregá-las aos nossos irmãos ribeirinhos. Realizamos às 19 horas a nossa celebração dominical com a Santa Missa presidida por Frei Ronaldo e a participação de 20 pessoas. Em seguida fomos jantar na casa de um dos comunitários, Sr Orlando, uma paca assada que havia sido preparada especialmente para nós.
Um pouco de TV com os nossos anfitriões e voltamos para o barco para o descanso, afinal, a missão estava apenas começando. Voltar para o barco é que não oi nada agradável para mim, caminhar no escuro e em um trapiche defeituoso só poderia resultar numa queda dentro d’água, dito e feito, faltando poucos metros para terminar aquele trajeto na ponte, lá fui eu para dentro do rio, péssima maneira de encerrar a noite.

Um comentário:

Marcos Miranda disse...

Nobre Beto. Parabéns pelo relato muito cativante da viagem e pelo grandioso trabalho em nome de Deus. Forte abraço

Marcos Paulo Miranda