quinta-feira, 12 de março de 2009

100 - Viagem ao Mapuá, 10º dia

Terça-Feira, 10 de março,
Acabou a voz do padre

7 horas da manhã da terça-feira já seguíamos para o Rio Aramã, comunidade de São Sebastião. Já passamos por lá no dia de nossa chegada e havíamos parado no comércio de Sr Félix para tentar comprar uma junta, foi lá que ele nos cedeu o silicone para a vedação. Mais de uma semana se passou e lá estávamos nós, dessa vez para celebrar com a comunidade.
Há por lá uma grande serraria fechada, já são 4 meses sem nenhuma movimentação. Nessa região o IBAMA e a Policia Federal simplesmente fecharam todas as madeireiras, sem nenhum critério, sem procurar saber quem está regular ou irregular, acabando com o emprego na região, levando muitos a sair dali e procurar a cidade, aumentando a miséria que já é grande no Marajó.
O Sid, dirigente da comunidade nos falava que muitos atualmente vivem da produção de palmito nos terrenos onde pode haver a extração, mas que a economia afundou de vez em função do fechamento das madeireiras.
A esperança é o retorno das atividades que, segundo o IBAMA, seria ainda nesse mês de março de 2009. Assim esperamos, pois se a madeireira é regular, trabalha com o manejo, tem o replantio sendo cumprido, não pode simplesmente ser fechada a titulo de agradar a alguns ecologistas que pensam pouco na espécie humana e nas suas necessidades de sobrevivência. É muito bom preservar a floresta, mas é bom também preservar a dignidade humana.

A comunidade de São Sebastião do Aramã é o exemplo de organização no setor do Mapuá, apesar de seus poucos membros, 42 adultos e 15 crianças, é a mais bela capela, totalmente forrada, envernizada, totalmente iluminada, um altar bonito, com caixas de som, microfones, por fim, quase completa, apenas alguns detalhes para que esteja em condições de receber o sacrário.
Durante a Missa foram batizadas 4 crianças e outros 9 adolescentes receberam a Primeira Eucaristia.
Nesse dia a garganta do padre já não ajudava nada, e eu, com uma tosse contínua, também sofri um pouco para dar a palestra de orientação para os comunitários.

À tarde navegamos para a comunidade de São Raimundo Nonato, no Rio Taujuri Comunidade bem estruturada, tudo muito bonito, até os trapiches são bem feitos e ornamentam a orla do lugar.
Se a voz do padre tava ruim pela manhã, nessa tarde ela já quase não existia, uma boa parte do rito da celebração era eu quem ditava. Na pregação do evangelho pude falar um pouco da servidão, colocando Nossa Senhora como modelo perfeito de serva, já que aceitando ser a mãe do Senhor, não tomou para si nenhuma regalia, mas se pôs a caminho para servir uma prima que precisava de seus serviços. È bom falar sobre isso, especialmente porque há eleição de dirigentes em cada comunidade que visitamos, e em muitas delas o dirigente age como dono da comunidade e não como servo.
Foram 7 crianças batizadas nessa comunidade, não houve casamentos nem Primeira Eucaristia. Aliás, a comunidade passou um tempo sem catequese, uma professora havia assumido porem desistiu e ninguém assumiu. Chamamos a atenção para esse fato, se uma comunidade não tem catequese, demonstra o desinteresse em educar na fé as crianças. Eles acolheram bem e se comprometeram a retomar a catequese de imediato e começar a catequese de Crisma também.
Pernoitar ali era uma exigência já que o porto do nosso próximo destino não era adequado para atracar o Santo Ezequiel Moreno.

Nenhum comentário: