quinta-feira, 12 de março de 2009

98 - Viagem ao Mapuá, 8º dia

Domingo, 8 de março,

São José abandonado



Não foi nada boa a nossa primeira experiência no dia do Senhor, acordamos cedo e por volta da 7 horas já estávamos de saída, destino, comunidade São José do Limão, no Rio Limão do Japixáua. Mais de 1 hora navegando para alcançar nosso destino, paramos na casa de um dos membros, antes de chegar à capela, tínhamos a informação que a visita se daria ali já que a capela não estava em condições. Logo esse morador informou que não, que devíamos seguir para a capela, pois o dirigente lá se encontrava. Seguimos adiante e poucos minutos depois estávamos na capela de São José, totalmente abandonada, sem condições de se celebrar nesse lugar. Uma rixa entre comunitários e suas lideranças fez com que a comunidade sucumbisse.
Frei Ronaldo conversou com o dirigente, José Serrão, que expôs seu ponto de vista. Por fim o frei cancelou a visita e deu um prazo para que a comunidade se reestruturasse, se não isso não ocorrer, a comunidade será fechada.

Pelo que observei na viagem até a comunidade de São José, existem muitos moradores na região, será uma perda muito grande o fechamento dessa capela, mas da forma que caminha a comunidade, aliás, que não caminha a comunidade, parece ser a única solução. Não estão sequer se reunindo para celebrar, não se mobilizaram para a visita, não há catequese para as crianças, não há um acordo sobre a arrecadação do dízimo. Uma daquelas brigas pelo poder que atinge qualquer camada da nossa sociedade e por aqui também existe. Domingo pela manhã não celebramos.
Com a folga imprevista, faríamos nosso almoço também no improviso, de repente ganhamos um piquenique em plena selva amazônica.

Nosso almoço não foi um banquete, um macarrão com sardinha que eu preparei e uns ovos de galinha caipira cozidos, preparados pelo Sr Periquitinho.


Por volta das 14 horas caiu uma tempestade como há muito não via em Breves, foi mais de 1 hora de chuva forte, relâmpagos e trovoadas de assustar, isso até atrasou nossa partida para a comunidade Santo André do Japixáua.
Mesmo sem terminar a chuva, mas agora já mais suave, partimos no curso do Rio Japixáua e em poucos minutos já estávamos na comunidade. Bem pequena a comunidade, porém bem entusiasmada, são apenas 10 famílias, uma simplicidade que nos faz apaixonar.
Sr Adamor é um dos comunitários e desde que começamos a visita foi o que mais perguntou, aliás, essa é uma coisa que muito sentia falta nas comunidades que visitamos, perguntas. Elas nos facilitam o dialogo com o povo, pois nos direciona exatamente naquilo que eles consideram mais importante como informação. Ele perguntou sobre o significado da quarta-feira de cinzas, sobre o jejum, sobre o respeito à semana santa que lhe foi ensinado por sua mãe. Outros comunitários também fizeram perguntas e uma que rendeu um bom papo foi sobre as cores que usamos na liturgia, foi bom para que eu pudesse explicá-los um pouco sobre a própria liturgia, seus tempos e significados.
Frei Ronaldo presidiu celebração e fez uma bela homilia falando sobre ao Temor de Deus, explicando esse amor incondicional que devemos ter a Deus como Abraão teve ao aceitar entregar em sacrifício seu filho Isaac.
Não houve batismos, casamentos ou Primeira Eucaristia nessa comunidade, mesmo assim vi que a comunidade é bem organizada, apesar de a freqüência baixa dos comunitários ter ido uma reclamação constante. Talvez a pouca motivação se dê pelas grandes distâncias, demos como sugestão a possibilidade de realizarem visitas aos membros que estão ausentes, como forma de trazê-los de volta ao convívio da comunidade.
Depois do jantar navegamos para a comunidade de santa Rita. A visita a essa comunidade havia sido cancelada e os seus membros se juntariam com a comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, mas houve mudanças nos planos e pela manhã celebraríamos ali mesmo.
Pernoitamos por ali, cancelada a folga de segunda-feira de manhã, sobrou para Paulo fazer os reparos, sozinho, no Santo Ezequiel Moreno. Havia uma entrada de água no porão que precisava de calafetagem urgente para não oferecer risco a embarcação. De momento o que se podia fazer era ligar a bomba para retirar a água do fundo do barco.

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