quarta-feira, 30 de abril de 2008

33 - Finalmente em casa


Quarta-feira, 30 de Abril de 2008. Acordamos mais cedo para participar da Santa Missa na Matriz celebrada por Dom Azcona e concelebrada por Frei Manoel.

Após o café na casa paroquial seguimos para conhecer a região portuária, o mercado central e toda área comercial.

Depois seguimos para Jardim Tropical onde está instalada a comunidade da Virgem de Fátima, comunidade extremamente carente que nos registros da prefeitura está dividida como dois bairros, Castanheira e Santa Cruz.

A comunidade é assistida pelas Irmãs de Notre Dame, a congregação da Irmã Doroty. Após a visita fizemos um lanche com as Irmãs Rita e Maria.

Seguimos para a Escola de Educação Infantil Santa Mônica, no bairro Riacho Doce, mantida pela Ordem dos Agostinianos Recoletos, é considerada uma escola de ricos para os pobres. A escola atende crianças de 3 a 5 anos e para educação especial, atendendo 150 crianças pela manhã e outras 150 crianças à tarde.

Logo após, seguimos para conhecer a casa onde viveremos em Breves. A casa é um centro e pastoral, chama-se Santa Madalena de Nagazaki.

Tem dois quartos, capela, duas salas, dois espaços externos para reuniões, um deles em formato de anfiteatro com capacidade para aproximadamente 70 pessoas sentadas, próprio para celebrações e reuniões com a comunidade local.

O centro pastoral fica entre duas comunidades, Santa Rita e São Benedito, numa região carente de Breves.

De volta, na chuva, almoçamos na casa paroquial, onde fomos brindados com alguns pratos típicos do Pará como Vatapá, Tacacá e Maniçoba.

À tarde, para finalizar o REFORMI, Dom Azcona veio nos falar sobre a relação das pastorais e dos padres com a RCC. Falou-nos também de denúncia profética, da religiosidade e das seitas pentecostais.

“Ó beleza escondida e tão nova, tarde te amei, tarde te amei” (Santo Agostinho).

Pouco depois das 18 horas saímos de barco com destino a Barcarena, seguiram conosco Dom Azcona, Irmã Rita e Manoel. Continuava a me impressionar a simplicidade de Dom Azcona que viaja em rede com todos os demais, ajuda aos outros a amarrar suas redes, atende a todos que o procuram para um aconselhamento ou uma benção. Na madrugada se levanta para rezar o terço. Creio que todos nós tivemos grandes lições de humildade e fé nesses dias em Breves.

A viagem foi tranqüila apesar do barco cheio. Chegamos a Barcarena por volta das 5 horas da manhã da quinta-feira, porém não pudemos deixar a praça do porto, pois ainda não tínhamos um direcionamento.

32 - Nosso Melhor dia no REFORMI


Terça-Feira, 29 de Abril de 2008. Começamos o dia com Frei Manoel que fez a organização dos dias seguintes em Breves. Falou-nos sobre sua chegada a Marajó e de sua dificuldade de comunicação no início por não dominar bem a língua portuguesa.
Irmã Rita veio partilhar conosco sobre sua missão em Marajó. Cada um de nós contou um pouco sobre sua caminhada na Igreja.

Ainda durante a apresentação, Dom Azcona se juntou a nós e também falou bastante sobre a atuação de Irmã Rita na região. Almoçamos ao meio dia, chegou para se juntar a nós Manoel, coordenador estadual da RCC no Amapá.

À tarde saímos para visitar o sítio Irmã Maria Rafols das irmãs da caridade de Santana que funciona como escola, posto de saúde dentre outras atividades. Chega a receber 385 crianças por dia, que recebem educação fundamental, acompanhamento médico, lazer e alimentação.
Para finalizar a tarde estivemos mais uma vez com o senhor Udo.

“O Salvador de sua família é Jesus Cristo e não você” (Irmã Rita)

Às 18 horas fomos à missa na Matriz de Santana com Dom Azcona e logo após voltamos ao centro de formação para jantar. Logo após o jantar seguimos para um momento de partilha com Dom Azcona. Manoel permaneceu conosco o tempo todo e seguiria para Barcarena com nosso grupo.

Dom Azcona falou-nos de sua história, de sua conversão verdadeira aos 41 anos quando era superior na sua congregação. Falou-nos também sobre sua cidade que sempre suscitou muitas vocações sacerdotais e religiosas.

Mara chegou para se juntar a nós, a convite de Dom Azcona. Veio para falar sobre seu trabalho na organização “La Croce du Sur”. Mara falou sobre todas as atividades da instituição, sobre as crianças apadrinhadas, do reforço escolar. São 110 crianças atendidas atualmente, recebem material escolar, suas famílias recebem visita mensal dos voluntários e se comprometem a visitar a sede da instituição. Além do reforço escolar durante a semana, as crianças voltam no sábado para catequese, praticas de esportes, capoeira, etc...

Falou sobre a campanha Natal sem Fome onde arrecadaram no ultimo ano mantimentos para 1.400 famílias.

Padre Manoel chegou para se juntar a nós e contribuiu como sempre com sua simpatia e simplicidade na fala.

Foi sem dúvida nosso melhor dia no REFORMI.

terça-feira, 29 de abril de 2008

31 - Primeiras visitas e contatos







Segunda-feira, 28 de Abril de 2008. Pela manhã fomos ao encontro de Frei Manoel na Matriz de Santana com o objetivo de seguir viagem a nossa primeira vista a uma comunidade ribeirinha da Paróquia. Na Matriz nos juntamos a Jaíza e Mara, sendo essa representante da instituição “La Croce Du Sur” que atende a cerca de 110 crianças apadrinhadas na região, nove delas na comunidade Santa Luzia, nosso destino nessa manhã. Cerca de duas horas é o tempo de viagem na pequena embarcação da Paróquia. Segui conosco Wanderley que já citei anteriormente e Junior, nosso timoneiro no barco.

A recepção na comunidade Santa Luzia foi extremamente calorosa, uma comunidade formada essencialmente por nove famílias residentes e mais algumas, também cerca de nove famílias que se juntam a eles para as celebrações e vem de áreas um pouco mais distantes.

A comunidade é pobre, mas bem alegre, tem uma pequena escola de ensino fundamental com duas salas de aulas e um refeitório, que atende a todas as crianças da região.

Reunimo-nos na capela em construção, a comunidade nos acolheu com cantos, em seguida fomos nós a cantar para eles, sempre com grande participação das crianças.

Frei Manoel fez uma leitura da Bíblia, falou sobre Pentecostes, tema recorrente por causa da liturgia da semana.

Em seguida tomamos café com o povo local, fizemos uma pequena visita, distribuímos brinquedos e balas para as crianças.

Almoçamos com a comunidade, tiramos fotos e nos despedimos encantados coma visita.

Retornando para Breves, no barco, a Elô nos diz: “Posso dizer que hoje estou aprendendo a viver”.

Chegamos em Breves por volta das 14h30min e tivemos a tarde livre.

Às 18 horas fomos à Matriz participar da missa com dom Azcona que mais uma vez nos brindou com sua sabedoria e santidade.

Às 19 horas participamos de uma reunião com as lideranças jovens da Paróquia, são oito grupos de jovens que compões a Pastoral da Juventude na cidade, com média de 50 participantes por grupo.

Nos apresentamos, escutamos a explicação do funcionamento dos grupos, partilhamos um pouco de nossa experiência na Igreja, especialmente o digão que falou de seu encontro pessoal com Jesus. Elô também falou um pouco de sua história ao responder sobre o chamado que Deus he fez.

Por fim os jovens falaram de sua expectativa junto aos missionários.

Dom Azcona concluiu o encontro falando que é preciso que todos estejam atentos às necessidades dos irmãos do grupo, pois há muitos que estão com eles ali e nem sequer tem o que comer. Para que nunca deixemos de exercer a caridade com os nossos irmãos de comunidade.

“Nenhuma palavra pode ser dita fora da Cruz de Jesus, mesmo que ela esteja nas escrituras” (Dom Azcona, 28.04.08).

segunda-feira, 28 de abril de 2008

30 - Chegada em Breves, Marajó


Domingo, 27 de Abril de 2008. Dia do Senhor. Amanhece em Marajó, o rio está calmo e a viagem foi bem tranqüila, são 6H30min e ainda faltam algumas horas para chegar a Breves, é realmente deslumbrante a vista, muitas e belas matas, ilhas e praias nos abraçam e acolhem, é de se sentir como um único elemento, verdadeira integração com a natureza.

Pude conhecer algumas pessoas no barco e observar seus costumes, não me parece difícil à adaptação, pois o povo paraense é acolhedor.

Cheguei à cidade de Breves às 9h conforme o previsto e Olga me aguardava no porto. Seguimos imediatamente para o local do REFORMI, no Tagaste. Lá me juntei a Virtes, Digão, Elô, Maria Lúcia e Camilla que estavam em reunião.

Por uma falha de comunicação entre os organizadores no Pará a programação que seria no domingo foi antecipada para sábado por isso acabei perdendo algumas coisas importantes, especialmente a apresentação cultural dos grupos de jovens da região, seguindo meus companheiros de missão foi o grande momento do sábado.

Recebemos em seguida Wanderley, pessoa importante na paróquia, acompanha o Frei Manoel nas viagens às comunidades ribeirinhas, ele nos falou muito sobre a realidade das 182 comunidades da Paróquia de Santana, das questões políticas locais e da educação.

Em seguida recebemos Dom Azcona que veio nos acolher e acompanhar nesses dias de REFORMI e envio para missão. Ele realmente é uma figura incrível, um profeta, de grande sabedoria e humildade que nos emociona a cada instante com suas palavras e atitudes. Um bispo próximo do povo, servo de todos, capaz de se levantar da mesa do almoço para servir aos demais num gesto simples e desprendido de posições.

Recebemos Irmã Yullis da congregação das Irmãs de Santana que veio nos falar da realidade das doenças na Prelazia de Marajó e como isso é tratado nas relações políticas e institucionais que há nessa questão.

Recebemos também o Senhor Udo, um alemão há 20 anos radicado no Brasil e que tem vasto conhecimento político e social, conhece e tem projetos para a Ilha de Marajó, ele deixa um pouco a desejar na questão espiritual, mas como assessora os bispos e padres da região, talvez se torne um católico convicto algum dia.

À noite fomos à missa na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ali mesmo no Tagaste, onde estávamos reunidos, foi nossa primeira Missa com Dom Azcona, que mais uma vez nos emocionou com sua pregação na homilia, pois fala uma linguagem muito clara e direta. Fez a nossa apresentação à comunidade local, em seguida leu a carta de apoio dos bispos do Brasil a Ele e aos dois outros bispos do estado do Pará ameaçados de morte.

Ao final da missa pudemos ter um pequeno entrosamento com as pessoas da comunidade, isso é importantíssimo para quebrar algumas idéias pré-estabelecidas que tenhamos uns com os outros.

domingo, 27 de abril de 2008

29 - Rumo a Belém

Sábado, 26 de Abril de 2008. Saída de Vitória 6h20min para o Rio de Janeiro, chegada em Belém às 12h50min, Márcia e Benedito me buscaram no aeroporto.

Almoçamos na casa deles e provei pela primeira vez algumas coisas típicas do Pará como “pato no Tucupi” e “creme de cupuaçu”. Mais tarde pude conhecer alguns pontos turísticos de Belém, especialmente o “Mercado Ver-o-Peso” e a “Basílica de Nossa Senhora de Nazaré”. Não foi possível fazer um passeio mais proveitoso porque o Ferry-boat para Breves partiria às 19h. Márcia e Benedito foram muito atenciosos durante minha curta estadia na cidade de Belém, já tinha meu anjo da guarda lá, agora tenho um casal de anjos da guarda.

Saímos de Belém pontualmente às 19h do sábado, com previsão de chegada às 9h do domingo, 14 horas de viagem pelos rios da região.

Muito calor, porém, uma viagem tranqüila, é o que nos garante quem tem o hábito de fazê-la sempre. Alias quero deixar uma citação com relação à generosidade e atenção do povo local, são bastante prestativos e minha inexperiência na amarração de rede não foi problema algum, pois os companheiros de viagem se oferecem para ajudar.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

28 - Entrevista

"Cristo, conceda-nos conseguir comunicar teu amor e anunciar tua divindade pelo exemplo de nossa vida e de nossas obras." (Padre Pio de Pietrelcina)


Sexta-feira, 04 de abril de 2008. Hoje Fábio, Jornalista e membro do projeto Amazônia me solicitou uma entrevista, gostaria de partilhar com vocês:

Fábio:

Beto, tão perto do envio, um estado inteiro se movimenta para lhe enviar, dá frio na barriga ou alegria missionária?

Beto Bernardi:

Na verdade acho que nunca estive tão tranqüilo, não tenho frio na barriga nesse momento, pois a certeza de que fomos escolhidos para a missão nos foi dada durante a semana santa quando nos reunimos em Três Pontas MG para um período de convivência.


Fábio:

E como foi esse tempo de convivência? Deu para experimentar a fraternidade?


Beto Bernardi:

Foi algo fora do comum, fomos muito bem acolhidos pela paróquia, participamos de todas as celebrações da semana santa, convivemos com os padres, partilhamos muito com eles e também entre nós, rezamos juntos e tratamos de todos os assuntos que uma família pode tratar.

Pela primeira vez nos sentimos como uma família de verdade, já que vamos morar juntos, foi uma sensação maravilhosa essa convivência.


Fábio:

Fazer enxoval, mudar para um lugar onde as estradas são rios, de onde vem a força missionária?


Beto Bernardi:

Creio que da resposta que devemos dar a cada momento, se somos nós que nos colocamos a disposição de Jesus e dizemos para que Ele faça em nós a Sua vontade, então, quem somos nós para questionar o chamado? Nossa força está nesse Deus que nos chama e dá coragem para seguir.


Fábio:

E a família?



Beto Bernardi:

A minha família sempre tem na consciência de que eu não pertenço a esse lugar, a essa casa, portanto, se um dia eu aviso que estou partindo, ninguém chega a estranhar.

Apesar de não estarem ligados a igreja como eu estou, todos sabem que minha vocação é de vida comunitária, sempre fui ativos nas comunidades onde vivi, sempre servindo na necessidade do local.

Então, nada de estranho para eles, talvez uma surpresa por ir a um lugar tão distante, mas se adaptam rápido a nova realidade.


Fábio:

e a sua missa de envio, o contato com bispo, como está sendo ?



Beto Bernardi:

São dois padres com os quais tenho uma ligação direta, duas igrejas das quais eu participo. uma é minha paróquia, meu pároco já está muito ciente do fato, me incentivou e espera que escolhamos uBma das missas da Matriz para fazer a celebração de envio. Tem uma bela pregação sobre missões e suas palavras para mim foram: “Ninguém vai numa missão no próprio nome, portanto faremos uma bela missa de envio para você e divulgaremos o projeto.”

O meu outro padre é do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, , também fará uma missa de envio, confia muito no meu trabalho, principalmente no que diz respeito a formação

Nosso arcebispo está ciente, porém estamos aguardando ele voltar da Conferencia em Itaici no dia 18 para marcarmos uma audiência formal. Penso que é importante que se faça dessa forma, a informalidade nesses casos não da crédito ao projeto.


Fábio:

voltando a convivência. Duas paranaenses um mineiro e um capixaba, como está o quarteto? O que você achou de mais rico e mais não digo difícil? Quais são os desafios da vida comunitária, pelo que vocês viveram na semana santa?



Beto Bernardi:

Nós estamos cientes de que morar sob o mesmo teto requer muita paciência e prudência, muita negação de si mesmo para que se possa ouvir e aceitar as limitações do outro.

Ainda em Brasília, Deus nos colocava no coração a necessidade de passarmos uns dias juntos, os quatro, exatamente para vivenciarmos um pouco do que virá.

A escolha da semana santa foi óbvia por abranger um maior numero de dias de feriado e por ter sua própria espiritualidade.

O que não nos era óbvio, porém fantástico, foi a atmosfera do lugar escolhido por Deus para esse encontro, Três Pontas em Minas Gerais, terra do Digão, terra de um povo extremamente católico, que vive a semana santa como só o povo de Deus residente no interior a vive.

Terra de grande devoção ao padre Victor, onde o turismo religioso nos encantou.

Terra de padres santos, que tem uma bela pregação e muito pé no chão

terra de irmãs carmelitas descalças, que vivem recolhidas na intercessão pelo povo de Deus e nos acolheram de forma muito carinhosa

Terra também de amigos que fizemos em tão pouco tempo e nos deixou uma imensa vontade de voltar para lá no futuro sentimo-nos em casa verdadeiramente.

Os quatro indicados para o Projeto Amazônia, Missão Marajó, são complementos uns dos outros, nos impressiona como nós somos dependentes uns dos outros, cada um tem sua limitação e outro cobre essa carência. isso nos encanta verdadeiramente

Creio que Deus foi bondoso de mesclar experiência e juventude na mesma casa, talvez nós, homens não tivéssemos essa idéia, mas isso já estava planejado no coração de Deus muito antes de nós nos colocarmos a disposição dele

não há como questionar a sabedoria divina, isso é perfeição no seu projeto

que saibamos nós retribuir o que Ele nos deu



Fábio:

Quando o povo ler essa entrevista o que você gostaria de dizer a mais para cada um deles?



Beto Bernardi:

Que cada um viva a sua missão onde Deus lhe confiou, seja na sua casa, na sua comunidade, no norte ou sul do pais, em países distantes... Que estejam atentos ao chamado de Deus, pois quando nos colocamos a Sua disposição Ele nos convoca para o seu exército e nossa resposta tem que ser como a de Maria: Faça-se em mim segundo a Vossa vontade.