segunda-feira, 29 de setembro de 2008

59 - Breves notícias de Breves

"... Compreendi que meu amor não se devia traduzir somente por palavras." (Santa Teresinha)

Breves noticias de Breves

Aconteceu:

Finalmente conseguimos realizar o nosso grupo de oração na segunda-feira, e foi uma transformação geral.
Muitas pessoas novas, no dois sentidos, porque chegaram ali pela primeira vez e pela própria idade. Muitos jovens conheceram nesse dia a RCC, o que nos deu muita alegria, já que depositamos uma grande esperança de que os jovens serão os agentes de transformação da espiritualidade em Breves.

Aconteceu também:

Os jovens vocacionados se interessaram em nosso projeto de incluí-los nas pastorais, especialmente de se unir a nós na missão de visitar as famílias do bairro Cidade Nova II, onde fica localizada a comunidade São José Operário. Foi um primeiro passo no sentido de fazê-los integrar-se melhor no processo de discernimento de suas vocações, já que até então o acompanhamento vocacional tem sido uma coisa bem distante para cada um deles. O primeiro sinal de mudança está no próprio comportamento deles, estão sempre juntos, mesmo que cada um faça parte de um dos grupos de jovens, eles começam a se procurar mais nas atividades.

Por fim...

A Comunidade de São Benedito presenteou com uma bela imagem a comunidade de São José Operário. Nesse domingo, 28 de setembro, foi realizada uma celebração especial pr receber a imagem de São José que veio em procissão desde a capela de São Benedito no bairro Cidade Nova, até a capela São José Operário. A missa foi celebrada por Frei Paulo e marcada por alguns incidentes que mostram um pouco da realidade em que atuamos naquele bairro.
A lona que cobria o palanque instalado pela prefeitura municipal foi roubada na sexta-feira à noite, após um comício realizado em frente ao terreno da comunidade.
A energia elétrica que vinha de um dos barracões da comunidade não funcionou no inicio da Santa Missa, o que nos obrigou a descer a mesa do altar para que lê ficasse mais próximo do povo que ali celebrava. Durante a missa o som foi restabelecido.
A Missa teve grande participação popular o que nos leva a crer no enorme potencial que tem essa comunidade.

Nos últimos dias fizemos filmagens com a comunidade, atividades no sábado e celebração no domingo, aproveitamos também para filmar o cotidiano do bairro. Essas imagens serão editadas durante a semana por amigos nossos aqui de breves que se dispuseram a nos ajudar e logo estarão disponíveis para que todos vejam um pouco do que acontece aqui.
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O que vem por aí...

A partir da próxima semana teremos na comunidade São José Operário confissões sempre no primeiro sábado de cada mês.

Também acontecerá a partir do próximo sábado um grupo de liturgia para as celebrações da comunidade. O convite foi feito na missa e muitos demonstraram interesse em participar, inclusive crianças, que sempre estão em maior quantidade nas celebrações. A idéia de se fazer no sábado a tarde é para que se coincida com o horário das atividades da ONG Haren Alde e assim aproveitemos os pais que se encontram ali sem nenhuma atividade e apenas foram acompanhar as crianças.


"O mérito não consiste em fazer nem em dar muito, mas, antes, em receber, em amar muito!" (Santa Teresinha)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

58 - Oração Vocacional Marajoara




Ó Deus, Pai de todos os povos, pelo infinito amor que tens pela vossa Igreja, humildemente vos pedimos: Olhai com carinho para o Teu rebanho marajoara, que precisa de sacerdotes.

Dá-nos, Senhor, sacerdotes segundo o Teu coração: atentos ás necessidades do Teu povo, comprometidos com a justiça. Que sejam de profunda vida de oração, apaixonados pela Eucaristia, onde a unidade de Deus com o homem se realiza. Que saibam fazer a leitura da realidade marajoara com os olhos da fé, da esperança e caridade.

Senhor, desperta no coração daqueles que ainda não cordaram para o Teu santo serviço e dá discernimento e perseverança vocacional aos nossos seminaristas, para continuarem respondendo ao Teu chamado.
Olhai, enfim, por todos os sacerdotes, as religiosas e leigos, que se entregaram com amor ao serviço deste povo.
Fortalece, pela interecesão da Virgem Maria e de São José, a caminhada destes homens e mulheres incansáveis, que lutam para o bem-estar deste Teu amado rebanho. E concede-lhes forças para serem santos e santificarem esta amável prelazia do Marajó.

Amém!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

57 - Vocações sacerdotais e religiosas em Marajó

"Logo que descobri que existe Deus entendi que não podia mais fazer outra coisa a não ser viver por Ele: minha vocação religiosa começa no exato momento em que despertou a minha fé."
(Charles de Foucauld)
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Segunda-Feira, 15 de setembro de 2008. A Igreja Celebra Nossa Senhora das Dores.

Que a Cidade Breves é um celeiro de vocações é fato. Então, como compreender o porque de não termos muitos padres no Marajó?

Durante muitos anos não se cuidou das vocações sacerdotais diocesanas, os bispos daqui, anteriores a dom azcona, nunca designaram um padre para animar e acompanhar essas vocações. Sendo assim, as vocações que surgiam em Breves ou eram acompanhadas pelos freis agostinianos recoletos ou se perdiam por falta de acompanhamento. E durante anos a Prelazia não produziu padres para si.

Eu já fazia essa reflexão com base nas informações que tinha da Prelazia de Lábria no Amazonas da qual a Igreja de Vitória/ES, minha arquidiocese, é Igreja Irmã e sempre enviou para lá padres, religiosos e leigos missionários.
Em 60 anos daquela prelazia, nunca houve uma ordenação sacerdotal para a igreja local, sempre que surgiu algum menino com desejo de seguir na vida sacerdotal ou religiosa, este foi enviado para os seminários agostinianos.
Hoje já temos alguns padres diocesanos no Marajó, porém os seminários contam com poucos candidatos, seja no seminário menor em Soure ou no seminário maior em Belém.
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Estou convencido de que agora está sendo dado o primeiro passo rumo à mudança.
Padre José Otávio, diocesano, ordenado em agosto de 2007 e natural de Melgaço, cidade que faz parte da Prelazia do Marajó, assumiu a animação vocacional.
Com ele está Irmã Rita de Cássia, religiosa da congregação Filhas da Divina Graça, congregação nascida aqui no Marajó.
Na Paróquia de Sant’Ana de Breves ficaram responsáveis pelo acompanhamento dos vocacionados, o Frei Paulo e a Irmã Julys, sendo que Dom Azcona pediu que eu e Virtes acompanhássemos de perto esses rapazes e moças que sentem o chamado a vida sacerdotal ou religiosa.

Percebe-se a necessidade de uma aproximação maior, esses jovens não tinham sequer com quem conversar sobre o assunto, já que na família isso normalmente é tabu como todos nós sabemos.
As famílias católicas geralmente esperam e rezam por vocações, porém, quando o vocacionado é seu filho ou sua filha, isso gera uma crise na família.
Talvez por um sentimento de perda, por falta de compreensão do que é um chamado de Deus ou por ter criado uma expectativa naquele filho de que ele trabalhe para ajudar no sustento da casa.
Sabendo que a maioria das vocações nasce nas famílias humildes e de que o Marajó é formado por famílias com muitos filhos, especialmente as famílias ribeirinhas, não é difícil de entender que a “perda” dessa mão de obra assusta aos pais.

Da nossa parte, esperamos poder contribuir para esse discernimento vocacional e ajudar a fazer brotar nesse meio muitos sacerdotes diocesanos, mostrando aos meninos a necessidades que temos hoje de novos padres para o Marajó, gente com a identidade marajoara, com amor a essa terra e a esse povo.
Claro que a maioria dos freis agostinianos recoletos que por aqui passou também amaram essa terra, mas a vida de um padre de ordem religiosa é de idas e vindas e ele acaba não criando raízes. E mesmo os agostinianos recoletos que daqui saíram não servem atualmente no Marajó, como Frei Zezinho que está em São Paulo ou Padre Marlon que está em Maracaibo na Venezuela, ambos já citados neste BLOG.

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Que Deus Ilumine ao nosso bispo Dom Azcona e através de sua pregação e de seu exemplo suscite novas vocações sacerdotais e religiosas para o Marajó.
Deus mostre o caminho ao Padre José Otávio e a Irmã Rita de Cássia, para que eles saibam animar e conduzir esses jovens marajoaras no caminho reto de Deus.
Que Deus permita que Frei Paulo e irmã Julys se tornem exemplos de vida consagrada e modelo para os vocacionados de Breves.
Por fim, que Deus nosso Pai Misericordioso nos dê sabedoria suficiente para orientar esses meninos e meninas que passam a ter em Virtes e em mim essas figuras dos irmãos mais experientes que os escuta e os ajuda a refletir sobre suas vocações.

Amém!

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"Se não dermos ouvidos ao Senhor quando Ele nos chama, pode acontecer que não consigamos encontrá-lo quando o quisermos"
( Santa Tresinha do Menino Jesus)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

56 - Fotos na Capela São José Operário 31/08/08

Fotos na Capela São José Operário, dia 31 de agosto de 2008.

*Terço;
*Celebração da Palavra com participação do coral jovem da comunidade Santo Ezequiel Moreno;
*Distribuição de 40 pares de calçados para crianças e mulheres, doação de um cidadão de Breves;
*Distribuição dos uniformes para as crianças apadrinhadas na ONG Haren Alde;
*Distribuição de Mingau, doação da comunidade Santa Rita de Cássia.



























terça-feira, 9 de setembro de 2008

55 - Por que doar uma bíblia para um católico de Breves?


De certo havia aqui uma falta de consciência na utilização da bíblia. Não posso culpar a esse ou aquele. Com certeza há muitos de nossos irmãos aqui que tem condição de comprar uma bíblia, mas essa nunca foi uma prioridade na vida das pessoas. Mesmo nas equipes de liturgia ou no grupo de oração, muitos nunca tiveram uma bíblia. Realmente muitos têm condições de comprar uma bíblia e não compram. Porém o que mais vi aqui são pessoas que gostariam demais de ter uma bíblia e não tem como adquiri-la. Muitos mal sabem ler, mas sentem o prazer de ter o contato com a palavra de Deus.

Emocionou-me a historia de uma das lideranças aqui da paróquia, o nome dele é Raimundo, ele tem uma deficiência visual, só pode estudar até o segundo do ensino fundamental, portanto mal sabe ler, mas ele é coordenador dos coroinhas, é catequista, é Ministro da Eucaristia. Doamos uma bíblia a ele, e quando ele me relatava sua historia de vida ele dizia que dormia com a bíblia para sentir a palavra de Deus junto dele.

Também me tocou muito a historia do sr Antonio, eu o conheci numa viagem nas regiões ribeirinhas, um encontro das CEB’S que aconteceu na comunidade Cristo Rei. Sr Antonio tinha uma bíblia que de tanto molhar já se tinha perdido quase por inteiro, Dela só restavam algumas partes do Novo Testamento. Pedi que ele me procurasse quando viesse a cidade. Duas semanas depois ele me encontrou na secretaria da Paróquia e lá levei uma bíblia para ele. Ele me agradeceu e ali afirmou que poderia fazer o que mais amava, ensinar um pouco da Palavra de Deus a seus vizinhos de comunidade.

Na formação de leitores e comentaristas da liturgia, tive a chance de partilhar com alguns ali e perceber deles à vontade de crescer na leitura da palavra.

A grande dúvida era: COMO LER A BIBLIA?

Sugeri a turma àquilo que já tinha sugerido a algumas mulheres que anteriormente me haviam perguntado isso e se diziam desanimadas de ler a partir do Gênesis, pois não compreendiam e desistiam logo.

Alguns dias antes eu havia ensinado uma formula simples de leitura, rezar com os salmos ao menos duas vezes ao dia, pela manhã e pela noite, ler as cartas católicas, isso é, As cartas de São João, São Pedro, etc... Que são cartas pequenas e instrutivas para a igreja nascente, e também a leitura diária de alguns capítulos dos evangelhos, de forma seqüencial. Esses últimos por serem uma coisa de fácil compreensão, pois já ouvem constantemente nas missas.


Que bela surpresa para mim quando uma dessas mulheres testemunhou na turma que seu marido passou a se interessar pela bíblia e pela missa a partir do momento que ela levou a oração do salmo para a mesa do almoço, diariamente.

Por essas e muitas outras coisas, meus irmãos, que já valeu a pena doar uma bíblia e que valerá a pena doar centenas mais de bíblias para esse povo que tem sede da Palavra de Deus.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

54 - Breve análise do linguajar brevense

No mundo fleumático das perplexões inexoráveis tende sempre a prevalecer dentro de um célere e inócuo sufixo a maneira de estabelecer indubitavelmente as relações entre as balbúrdias e os incólumes de um pormenor.
(texto nada popular)

Segunda-Feira, 08 de setembro de 2008. Dia da Natividade de Nossa Senhora.


Cada povo tem seus hábitos, costumes e linguajar próprio. Tenho a consciência de que somos um país continental, falamos a mesma língua portuguesa no Rio grande do Sul ou no Acre, no Espírito Santo ou Mato Grosso do Sul. Poucos países no mundo têm essa benção de se comunicar em um único idioma.

Contudo, como é interessante observar o regionalismo e as expressões lingüísticas características de cada lugar.

Nós, que aqui chegamos do sudeste e sul do país, trouxemos nossos sotaques e por vezes até brincamos uns com os outros sobre isso.
Mas em Breves existem expressões que ainda não vi em outro lugar por onde estive. Tento explicá-las, mas garanto que elas têm mais aplicações do que eu descrevi, só convivendo com um brevense autêntico para compreender. Seguem algumas delas:


Égua” – Essa não é utilizada só em Breves, mas pelo paraense em geral. É uma interjeição de espanto, mas nunca é utilizado isoladamente, sempre vem seguido de uma nova sugestão:

– Não senhor, não temos cupuaçu, não está na época.
– Égua, então me traga uma tigela de açaí com tapioca.


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"Pior” –você está contando algo para seu interlocutor, ele, na intenção de confirmar falaria “é verdade”, em alguns casos falaria “pior que é”, então o brevense reduziu para “Pior”. Algumas frases ficam simplesmente terríveis:

–Veja como meu filho está lindo.
–Pior.

–a festa de Sant’Ana estava linda, não acha?
–Pior.


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Praticamente” – Essa é típica dos ribeirinhos. “Praticamente” é utilizado nas respostas, geralmente inicia-se a frase com essa palavra. Interessante que “praticamente” cabe em qualquer frase, eu conversei com um sujeito que a usou três vezes na mesma frase. É praticamente impressionante.

– O que você compreendeu desse evangelho?
– Praticamente Jesus queria nos dizer que praticamente só chegaremos ao paraíso se a gente se converter e crer no evangelho. Praticamente é isso que Ele nos ensina.

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Anima” – Essa é uma expressão bem legal, eu e Elô já aderimos ao seu uso. É fácil sua compreensão. Basicamente quer dizer, “você topa fazer tal coisa?” “Você concorda em ir at é tal lugar comigo?“ Interessante notar que a resposta nunca é “animo”, é sempre sim ou vamos lá, ou qualquer outra coisa, menos “animo”.

– anima ir á missa hoje?
–vamos.

– anima participar do mutirão conosco?
– égua!!!! To fora.


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Aqui em Breves também não falta a evolução das palavras, como “Pior que é” evoluiu sendo reduzido para a expressão “Pior”, também palavras mudaram por completo para dizer a mesma coisa.

Dizem que uma gíria comum aqui em Breves era “ Filé”, se uma coisa era muito boa, era “ Filé”, se uma mulher era muito bonita era “ Filé”, se um show agradou era “ Filé”. De tanto filé que teve, a coisa se tornou “Chefe”. Deve ser pelo sentido gastronômico da gíria, desejaram homenagear o “chef” de algum restaurante.

– Como foi a inauguração do estádio?
– Foi chefe.

– Veja como é bonita aquela moça.
– É chefe.

Muito estranho, mas é isso mesmo.


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Para terminar essa pequena aula sobre o linguajar peculiar brevense, a melhor de todas: - "Mas Quando?"

-Mas quaaaaando?

Não, não se trata de uma pergunta, é uma expressão utilizada a qualquer momento, dentro de qualquer frase que não quer dizer absolutamente nada.

Mas, é necessário que se afine a voz ao utilizar a expressão, isso mesmo, há uma mudança de tonalidade. Todos falam, alguns exageram e a expressão fica enorme “mas quaaaaaaaaaaaaaaando?” Essa expressão precisava estar gravada para que vocês a entendessem bem, vou tentar colocá-la dentro de algumas frases aqui, mas não creio que se possa compreender sua profundidade.

– Vamos capinar o quintal, você passou a manhã inteira sem fazer nada.
– Mas quaaaaando?

– Você estudou o texto que lhe passamos?
– Mas quaaaaando?

– Obrigado por me ajudar a fazer o trabalho.
– Mas quaaaando?


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É isso ai meus caros, para me despedir deixo uma mensagem para vocês refletirem:

Anima vir cumprir um tempo de missão em Breves?
Égua, pior.
Praticamente é para isso que Jesus nos chama a renunciar tudo e segui-lo, é chefe.
Mas quaaaaaando?”.
(de minha autoria, lamentável)

domingo, 7 de setembro de 2008

53 - Fanfarras, Gritos e Independência.






(Konrad Adenauer)


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Domingo, 07 de setembro de 2008. Dia do Senhor. Dia da Independência do Brasil.



A semana continuou um pouco conturbada. É fácil substituir a Virtes nas formações, porém é complicado substituí-la na Oficina de Cartões. Ainda mais nessa semana que Elô começou a Alfabetização de Adultos com uma turma às 15 horas no Centro de Pastoral Santa Madalena de Nagazaki. Ao final sobrevivi, já contava que não mais teria que cumprir essa missão, mas ontem a Virtes me avisou que só retorna de Belém na próxima quarta-feira, então terei que cumprir o papel de orientador ainda na terça-feira, pela manhã e a tarde também. Bom, que tudo seja para o bem da missão e para a Glória de Jesus.

A semana continuou conturbada ainda porque o assunto “abuso sexual de menores” voltou a tona com a revelação de um fato recente e trouxe nosso bispo Dom Azcona até a cidade. Numa reunião com algumas lideranças religiosas ele sugeriu que tratássemos do tema nas escolas e nos grupos de Jovens da paróquia de Sant’Ana. Espero que se organize mesmo algo nesse sentido por aqui, o tema da sexualidade é pouco discutido na igreja e na comunidade, percebe-se em Breves uma iniciação sexual muito precoce, e não é difícil ver adolescentes grávidas ou ainda moças e rapazes de pouca idade com um ou mais filhos. Creio que irá gerar muita polêmica, mas é necessário enfrentar essas questões de frente, com urgência e com maturidade.



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Nem tudo durante a semana foi conturbado por aqui, as formações foram bem proveitosas.


Observar algumas pessoas que participam da formação nos faz ver que algo de novo está acontecendo. Na formação com as lideranças de jovens percebe-se que se abre uma nova visão de coordenadores que não centralizem tudo sobre eles, que vejam haver uma necessidade de delegar funções e de se formar novos lideres nos seus grupos.
Percebemos, porém na formação da equipe de liturgia é que se dão os melhores passos no momento. Todos agora têm bíblia própria, começam a ler diariamente, a fazer suas orações com os salmos pela manhã e pela noite. Em alguns casos até na mesa do almoço junto com a família se reza com os salmos, criando um hábito que não havia. Levando até um dos maridos a querer participar das missas, conforme testemunho de uma das senhoras participantes de formação.

Há um real interesse em se conhecer melhor a bíblia, alguns desistiam porque começavam a ler a partir do Gênesis e, achando complicado, desistiam logo da leitura.


Uma pergunta então se tornou recorrente na formação, primeiro em particular, depois levada ao grupo:


Como devemos ler a bíblia?
Respondi a eles que não existe uma maneira única, mas creio que uma boa forma para um iniciante é a de rezar com os salmos, ler as cartas chamadas "gerais ou católicas", que são pequenas e que são orientações gerais para a igreja nascente. Sugeri também a leitura de alguns capítulos dos evangelhos seqüencialmente.


Mostrei a eles que se lerem dois salmos por dia, na oração da manhã e da noite, leriam todos os salmos em 75 dias. Se lessem, a partir do inicio de setembro, dois capítulos evangelho de São Mateus por dia, na metade do mês já teriam lido São Mateus, e antes do final de setembro já teriam lido o evangelho de São Marcos se mantivessem o mesmo ritmo.


Vamos ver se mantém isso na idéia, especialmente nesse mês da bíblia. Creio que já terá valido a pena distribuir bíblias e dar essa formação se as pessoas envolvidas se apaixonarem pela Palavra de Deus.



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Nessa semana da Pátria tivemos dois dias de desfile na avenida Rio Branco, na sexta-feira teve o desfile para as crianças do ensino fundamental. Desfilaram também as organizações de ajuda humanitária instaladas na cidade de Breves, ONGs, Apoio a Terceira Idade, AABB. Sendo assim, a ONG Haren Alde, com a qual realizamos um trabalho em conjunto na comunidade São José Operário, desfilou com suas crianças uniformizadas junto com a Escola Santa Mônica, que também é mantida pela ONG. As bandas das escolas deram um show na avenida, isso já se prometia, pois se via nos ensaios no mês que antecedeu ao evento.

No domingo desfilaram as escolas de ensino médio, todas com suas bandas de fanfarra, sempre bem caracterizadas, destaco a beleza do uniforme da banda da Escola Santo agostinho que me surpreendeu positivamente no visual e pela quantidade de participantes, numa conta rápida, pelas filas montadas, o número deve ser próximo dos 500 participantes na banda.
Desfilaram também, a Polícia Militar, os Escoteiros e os soldados do Exército Brasileiro, que tem um quartel de Tiro de Guerra na cidade.


Em paralelo, as organizações sociais, religiosas e alunos da UFPA promoveram o “grito dos Excluídos”.

Segundo informações de João Marciano, coordenador da PASCOM, Pastoral da Comunicação, participaram cerca de 100 pessoas desse evento.

Não lhes seria permitido participar do desfile na avenida, então eles preparam atividades para manter o grito dos excluídos durante todo o desfile, como músicas, poesias, orações e manifestações.

De alguma forma eles conseguiram participar do desfile antes dos escoteiros, isso surpreendeu as autoridades presentes, mas as irmãs de Notre Dame com os demais manifestantes levaram seus cartazes pedindo justiça social para que todos vissem.

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Para encerrar, informo que nossa irmã Virtes participou junto com Olga do Congresso Estadual da Renovação Carismática Católica do estado do Amapá, no final de semana passado, de lá ela só nos trás boas noticias, com certeza volta renovada pra a missão.

Que assim seja!!!

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"Fica estabelecida a possibilidade de sonhar coisas impossíveis, e de caminhar livremente em direção aos sonhos."

(Luciano Luppi)


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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

52 - Um pouco de tudo

"Eu vejo sempre o lado bom das coisas"
(Santo Hilário)
Segunda-feira, 01 de setembro de 2008.


Na última quinta-feira, Virtes viajou para Macapá onde foi participar do Congresso estadual da RCC do Amapá, no dia 03 de setembro ela segue para Belém onde encontrará com uma família com a qual já viveu um tempo de missão em Rondônia. Ficamos eu e Elô aqui em Breves seguindo nos trabalhos da casa e da missão.
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Antes de viajar Virtes participou alguns dias da semana vocacional, onde jovens, rapazes e moças, de Breves que buscam uma acompanhamento vocacional, participaram de um encontro organizado por Frei Paulo e que teve um grande contribuição do diácono agostiniano Frei Everaldo, que passou esse mês de agosto servindo aqui na Paróquia de Sant'Ana de Breves. Na sexta-feira eu participei desse encontro falando sobre vocação laical na Igreja Católica.
Dos 16 vocacionados que participaram do encontro, 7 deles não possuíam uma bíblia, então nós fizemos a doação das bíblias a eles, por entendermos que cada um que busca refletir a vocação precisa fazê-la meditando na Palavra de Deus.

Durante a semana também, veio até nossa casa um ribeirinho, conhecido com Tex, e ele sua família, a ele tinham sido prometidas 20 bíblias que Virtes entregou para que levasse a sua comunidade.
Por fim, Antes da viagem de Olga e Virtes com destino a Macapá e de Everaldo com seu destino Espanha, onde faz a conclusão de eu tempo de diaconato, fizemos uma despedida em nossa casa, onde também e reuniram conosco os freis Paulo e Ronaldo para um "delicioso" cachorro-quente com a "melhor" batata-palha que já se produziu. Santo Deus tenha misericórdia, como pode existir algo tão ruim?

Já conseguimos sentir uma evolução no trabalho de formação nos mais diversos grupos que caminhamos. Grupo de oração, catequistas, liturgia, lideranças de jovens. A semana foi bem movimentada com essas formações específicas.Tivemos também a Reunião do CPP, Conselho Pastoral Paroquial. A Elô representou nossa casa, mesmo que eu seja o responsável por essa atribuição, com a ausência da Virtes, precisamos substituí-la nas suas funções e houve algumas coincidências de horários.Como eu já citei antes, há muita sede de Deus aqui, há muita vontade de se saber fazer as coisas da forma mais bem formada. Creio que demos bons passos nesse sentido, as pessoas já estudam e lêem mais a Palavra de Deus.
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A comunidade de São José Operário esteve agitada também durante o final de semana. Sábado reunimo-nos lá com um grupo de pessoas da comunidade, homens e mulheres, para realizar um mutirão de limpeza do terreno. O mato cresceu muito, especialmente atrás da capela, e realmente precisávamos fazer algo. Marcamos para o próximo sábado à conclusão do mutirão, e no domino convidamos para que outros se juntem a nós.No domingo, após rezarmos o terço com a comunidade, onde distribuímos 50 terços, e Celebrarmos a Palavra da liturgia dominical, tivemos uma distribuição de alguns calçados, cerca de 40 pares, para crianças e mulheres. Esses calçados nos foram doados por um cidadão brevense que tinha a intenção de montar uma loja de calçados, como foi frustrada essa iniciativa, ele optou por abrir uma loja de eletrodomésticos. Sendo assim, esses calçados ficaram guardados por muito tempo, agora ele decidiu doar para que distribuíssemos conforme a necessidade da comunidade onde atuamos. Por ter sido guardado por longa data, alguns calçados não mais serviram, pois o material se deteriorou, mas aproveitamos muitos que estavam em perfeitas condições e isso trouxe alegria para aquela comunidade.Ainda nesse domingo fizemos uma distribuição de mingau que foi doado pela comunidade Santa Rita de Cássia, do bairro Aeroporto. Doaram uma grande quantidade, e esse mingau deu para atender a todos que estavam ali e sobrou para que levassem para suas casas.

A comunidade de Breves também viveu um momento de festa nesse domingo, a inauguração do estádio municipal de Breves. O estádio já existia, foi fechado para reforma há cerca de 18 meses atrás. Anteriormente ele pertencia ao Clube Atalaia, que o negociou com a prefeitura municipal em troca da reforma de sua sede social, que é bem próxima a nossa casa. Terminada a reforma parcial do estádio, e aproveitando as eleições próximas, fizeram a inauguração do estádio ontem com grande festa, trazendo o Paysandu, clube profissional da Capital ara realizar um jogo contra uma seleção de jogadores locais. Nas preliminares jogaram Atalaia e Santa, dois clubes da cidade, esse jogo terminou empatado em 1 a 1, e o jogo principal o paysandu venceu por 3 a 2 a seleção de breves. O estádio estava com bom público e São Pedro colaborou com a festa, já que diminuiu um pouco o calor no final da tarde e o dia ficou nublado.É muito bom ver uma praça de esporte servindo a comunidade, pena que os políticos não pedem a chance de utilizá-las como palanque eleitoral.Por fim, valeu pela alegria da população em geral, agora é esperar pela sexta-feira próxima.
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Curioso para saber o motivo?
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Pois bem, aqui em Breves teremos na sexta-feira pela manhã o desfile da independência do Brasil, comemorando o 7 de setembro que é no domingo. Seria normal em qualquer lugar, mas aqui existe uma grande expectativa, todas as escolas têm bandas de fanfarra, ensaiam próximas umas das outras e competem entre si de uma maneira que nunca vi em outra cidade. O quartel do Exército Brasileiro que há na cidade, Tiro de Guerra, promete uma exibição de gala, apresentando uniformes das forças armadas de outras partes do Brasil, que já receberam pelo correio, já ensaiam há mais de um mês para esse desfile. As Ongs “Haren Alde” e “Cruz do Sul” também levarão suas crianças a avenida Rio Branco para o desfile. Vai ser uma grande festa e eu não perderia por nada esse momento cívico e essa competição tão saudável que nos falta nas grandes cidades.
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"O Amor Exige União"
(Santo Afonso)