sexta-feira, 28 de março de 2008

26 - Semana Santa em Três Pontas, MG










Quarta-feira, 19 de Março de 2008, saindo de Vitória rumo a Três Pontas.

"A Cruz de Jesus ilumina o mistério da enfermidade e a dor de todos os seres humanos" (Padre Fancrisco Alvarez)

Próximo das 22 horas, deixo meu grupo de Cenáculo e chego no aeroporto Eurico Salles para aguardar meu vôo para Belo Horizonte e no saguão encontro meus afilhados de casamento, Cláudio e Luciene, tinham o mesmo destino, a capital mineira, mas num vôo da GOL enquanto eu viajaria pela TAM. Deu pelo menos para matar a saudades dos meus queridos amigos.

Sai de Vitória com destino a Três Pontas, MG, foi uma viagem tranqüila, porém tive minhas habituais tribulações para conseguir a passagem de ônibus de Belo Horizonte para Três Pontas.
o havia mais ônibus para a região a não ser por volta das 15 Horas da quinta-feira, e minha expectativa era pegar o primeiro ônibus da única viação que faz a linha na região, (Gardênia), e nada feito, todas as passagens vendidas para qualquer horário da manhã.

Conversando com Maria Helena, uma senhora simpática, funcionária da empresa, ela me deu uma esperança. Eles venderam 40 passagens porque os ônibus que a empresa manda são de 40 lugares, mas poderíamos ter a esperança de receber o ônibus de 44 0u 46 lugares, assim eu teria a preferência, logo em seguida, Kátia, uma Policial Militar de Betim que estava na mesma situação e desejava viajar para Lavras.


Quinta-feira, 20 de Março de 2008. Tentando seguir viagem.
"Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós." (João 13, 15)

Tivemos que aguardar até as 6h15min, horário que o ônibus chegaria à rodoviária, um funcionário nos deu a boa notíciapude viajar até Santana da Vargem, cidade vizinha a Três Pontas. Chegando a Santa da Vargem, peguei um outro ônibus até Três Pontas e lá fui recebido por Francisco, também chamado de DUDU, amigo de Digão e fui até a casa dele onde almocei e esperei que os outros missionários voltassem da missa dos Santos Óleos que foi realizada na Catedral de Campanha, missa na qual também se deu o envio de nosso irmão de que veio o ônibus de 46 lugares, assim Digão.

Família bonita a do Francisco, seus pais, sua avó, sua irmã, e irmão, todos engajados na comunidade, inclusive seu irmão está no processo de discernimento vocacional.
Bonito também ver que seus pais cumpriram uma promessa de adotar uma criança quando seus filhos estivessem criados, e há José Augusto, um moreninho lindo e sorridente completou um aninho de vida no último dia 15 de março.

Após um tempo nessa abençoada casa fui ao encontro dos demais missionários, num restaurante onde eles foram almoçar, ali conheci a mãe da Elô, Marlei, que participou ativamente de nosso encontro, e isso foi muito bom, ter uma representação da família dos missionários perto de nós foi uma coisa bem agradável e sugiro que nas próximas turmas tenhamos a possibilidade de um contato maior entre as famílias.

A única atividade que participei na quinta-feira foi à celebração do lava-pés, e na verdade participei ativamente, já que ao chegar na igreja um rapaz me chamou para representar um dos doze apóstolos, foi uma bela experiência, nunca havia estado nessa posição, pois todas as vezes que participei de um lava-pés foram nos nossos encontros do JUNA onde eu lavei os pés de muitos dos participantes do encontro.

A celebração foi lindíssima, o Padre Roberto é um abençoado na pregação e na condução da missa e a comunidade é muito ativa e faz com que a celebração fique rica em detalhes, por exemplo, a belíssima dança realizada por um grupo de meninas durante o ofertório e ao final a presença da religiosidade popular na distribuição do pão abençoado, todos querem um pedaço do pão.

Deixamos a celebração e fomos à casa do Digão, e lá conhecemos sua mãe, dona Eloísa e sua maravilhosa pizza. Esses momentos de família foram bem especiais, assim como conhecer a mãe da Elô foi ótimo para nós, os pais do Digão e seus amigos nos proporcionaram momentos de grande alegria.



Sexta-Feira, 21 de Março de 2008. As riquezas da religiosidade popular.

"Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho." (João, 19, 26)

Hospedados no Centro pastoral, logo na manhã de sexta-feira nos reunimos para rezar o terço junto a uma gruta de Nossa Senhora de Lourdes que tem por lá, Digão dormiu em casa, então rezamos juntos, eu, Elo, Virtes e Marlei.

Para não voltar a falar todas às vezes sobre a maravilhosa refeição que nos foi servida na casa paroquial, digo uma vez, chega a ser constrangedor a acolhida que tivemos, não tenho como descrever toda a simpatia e doação que tivemos da parte dos padres e das funcionárias, todos nos deixaram muito à vontade, sem bajulações, mas numa servidão absoluta que nos ensina o dom de servir com alegria.

Saimos para conhecer o Carmelo de São José, na esperança de conversar com as irmãs carmelitas, porém elas estavam em fase final de seu retiro e deixamos esse encontro para o domingo de Páscoa.

Em seguida recebi uma visita ilustre, minha amiga Michele, da cidade de Campestre viajou 150 Km para me visitar, nem sou digno de um esforço desses, mas adorei a visita, por se tratar de uma pessoa que partilha comigo já há 8 anos e sabemos quanto é difícil estar tão próximos, Ela participou da celebração das 15 horas conosco e depois voltou para Campestre.

Diversas são as cele
brações da sexta-feira santa em três pontas, enquanto aqui na minha cidade só se celebra a Paixão e morte de Jesus às 15 horas, lá é bem diferente, a começar pela manhã com a via-sacra, seguida da confissão comunitária logo pela manhã, a tarde vem a Celebração da Paixão e Morte de Jesus, com o tradicional beijo na cruz e por fim à noite uma belíssima celebração em na praça pública, antes da celebração rezamos o terço da misericórdia, como diz a Elô, foi a nossa primeira missão juntos, Participamos da celebração da Descida da Cruz, onde Padre Alberto (ou Padre RED) fez uma leitura de sua homilia por quase uma hora, tudo lindo, mas minha gripe adquirida na viagem me causava muitas dores pelo corpo. Porém na celebração teve um momento impagável que deixo aqui registrado no mais puro sarcasmo filosofal de Perca o amigo, mas não perca a piada, quando o Padre RED convida os fiéis a cantarem uma música que todos sabem e começa: Quanto esperado esse momento, Quanto esperado que estivesses assim...”, Meu Deus, quanto esperei que alguém o socorresse para não rolar de rir ali mesmo na celebração, e um santo músico entrou, acertou o tom da musica e seguiu em frente com a canção na versão que todos conhecem. seguida de uma procissão do Senhor Morto pelas ruas da cidade. Não posso deixar de mencionar a grande participação popular nessa celebração e o grande respeito até dos não católicos pelo evento.

Sábado, 22 de Março de 2008, Somos uma família.

Todos vós, que estais sedentos, vinde à nascente das águas; vinde comer, vós que não tendes alimento. Vinde comprar trigo sem dinheiro, vinho e leite sem pagar!
Por que despender vosso dinheiro naquilo que não alimenta, e o produto de vosso trabalho naquilo que não sacia? Se me ouvis, comereis excelentes manjares, uma suculenta comida fará vossas delícias. (Isaias 55,1-2)


O Sábado foi destinado a nossa reunião de equipe. A Marlei, mãe da Elô foi fazer turismo em Tiradentes com os seminaristas e o Padre Josenildo. Ficamos no Centro pastoral, rezamos juntos pela manhã na capela do Santíssimo, diante de Jesus partilhamos nosso tudo, cada um falou de si naquilo que era necessário e o que o Senhor nos pedia. Falamos de nossos anseios e dúvidas, nossas alegrias e tristezas, nossos sonhos e realizações. Falamos de família, de amigos, de trabalho, de passado e de futuro. Falamos realmente de tudo, sem preocupação com horários, como diz a Virtes, as máscaras vão caindo aos poucos e nós vamos nos revelando como realmente somos e vivemos.

Em seguida rezamos uns pelos outros, pedimos o batismo no Espírito Santo e muitas palavras nos foram dadas, conforme a necessidade de cada um e conforme nos sopra o Espírito de Deus.
Nossa Senhora é uma grande presença em nosso meio, já na semana anterior uma mensagem dela nos foi lida no Cenáculo de nosso grupo no meu bairro e eu partilhei com os três, onde ela nos dizia que “somos pequenos para os outros e grandes para ela, que Jesus nos permite permanecermos com nossas falhas e que temos a necessidade de buscar melhorar a cada dia para realizarmos a obra de Deus onde ela nos indicar”.

Outra partilha que achei interessante foi uma palavra que a Virtes nos trouxe e que está na Segunda carta de São Paulo aos Corintios:

“Recomeçamos a fazer o nosso próprio elogio? Temos, acaso, como alguns, necessidade de vos apresentar ou receber de vós carta de recomendação?
Vós mesmos sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações.
Tal é a convicção que temos em Deus por Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica.”(II Cor 3, 1-6).

Creio firmemente nessas coisas, e que tudo que o Senhor quis falar para os quatro Ele falou através de Sua Palavra e de Sua Revelação, conforme a necessidade de cada um de nós.

Fomos almoçar na casa paroquial, na volta atendemos um pedido da Elô que queria brincar nos balanços da praça. Não é que no final da missa do sábado o padre Liu falaria "deixem que as crianças brinquem, que os jovens sonhem..."

Seguimos para nosso alojamento e partilhamos ainda mais, uma pequena pauta foi feita por nossa secretária geral, Elo, e rapidamente consumimos com ela, falamos sobre tudo, assistimos um deo sobre a missão de religiosas brasileiras no Timor Leste e passamos o resto da tarde conversando fiado, como isso também é bom, conhecemos um pouco da intimidade de cada um, creio que começamos ali a ser uma família, só faltam os desentendimentos para sermos uma família comum, espero que isso não aconteça, mas até para isso nos preparamos bem.

À noite fomos para a celebração da Vigília Pascal, antes, porém subimos à torre da Igreja vimos a e no caminho chegamos a uma sala antes do local onde fica o coral, e lá nossas irmãzinhas de missão foram convocadas para emprestar sua arte na maquiagem para as meninas da dança. Não me decepcionaram, fizeram um lindo trabalho pintando um cântaro derramando água no rosto das meninas, elas que mais tarde viriam abrilhantar a celebração levando a água para a benção do batismo de um menino.

Padre Aloísio, o Padre Liu, presidiu a celebração que começou fora da Igreja conforme a tradição com a benção do fogo, a colocação dos cravos no Círio Pascal e o acendimento do Círio que representa a ressurreição. Celebração linda, com um coral de muitas vozes, um povo presente e atuante na celebração, somente me fazia mal o incenso que a todo momento vinha até mim e, por causa da minha gripe, me fazia muito mal. Sabendo que valia todo o sacrifício de ficar ali naquela que é a mais bela celebração da Igreja católica no ano, segundo o meu entendimento.

Como não poderia deixar de ter o meu momento filosofal de perca o amigo, mas não perca a piada, tomamos posse da palavra lida na missa, do livro do profeta Isaías, capítulo 55, e fizemos a profecia se realizar na padaria próxima à igreja no domingo pela manhã, que maravilha é saber que a palavra de Deus nos manda gastar o dinheiro com pão, isso me tranqüiliza muito.

Domingo, 23 de Março Está chegando a hora de ir.
"Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro." (João, 20, 3)

Domingo pela manhã, começam as nossas despedidas, já começa a ficar um pouquinho da saudade do lugar. Mas ainda havia muito a se fazer.

Nosso café da manhã foi na Padaria, não fomos à casa paroquial, e lá comemos muito e a Virtes finalmente pode comer seu doce, acabou a penitência dela. Seguimos para o Carmelo de São José, onde participamos da missa dominical num clima maravilhoso junto às irmãs carmelitas, que nos acolheram de uma forma muito carinhosa e agora também são nossas intercessoras.
Tivemos um tempo ainda para conhecer a Matriz de Nossa Senhora Aparecida, paróquia vizinha, também em Três Pontas, porém não entramos, pois havia missa no local naquele momento.

Seguimos para a casa paroquial para almoçar, seria nosso momento de despedida, e mais uma vez fomos agraciados com aquela refeição maravilhosa e sobremesa esplendorosa preparada com carinho pelas funcionarias da casa. Chega a ser pecado de Gula o tanto que comemos naquele domingo. Por fim sentamos na sala “Padre Victor” e ali permanecemos por um tempo, tiramos fotos com Padre Geraldo que havia feito uma entrevista conosco naquela mesma sala na quinta-feira.

Momento de ir embora, voltamos para o Centro pastoral para arrumar nossas coisas, então ficou decido que as meninas paranaenses iriam de carona com o Padre Josenildo e os seminaristas até Curitiba e lá o pai da Elô estaria esperando por elas e as levaria para Ponta Grossa.

Pra variar, me veio o problema, voltar para Belo Horizonte, coisa difícil de se fazer, não havia mais ônibus, a uca empresa que serve a região não colocou ônibus extras. Então como seguir viagem? Voltamos à casa paroquial e o meu querido Padre RED nos deu a solução, um grupo de agostinianos em missão na região passaria ali para buscar dois de seus seminaristas que serviram em Três Pontas, e com eles eu segui até uma cidade que tem a parada da Gontijo. Afirmo para vocês que foi mais uma providência divina, pois além de conhecer outras belas cidades da região do sul de Minas Gerais, tive a graça de conhecer esses freis e partilhar um pouco com eles no caminho. Por fim, de volta para Belo Horizonte em um ônibus quase vazio, providência divina que me permitiu dormir a noite inteira, chegar de madrugada e pegar um ônibus para o aeroporto de Confins onde meu vôo sairia às 6H50min, isso me permitiu trabalhar tranqüilamente na segunda-feira.

Mus mais sinceros agradecimentos, aos padres Liu, pároco de Nossa Senhora D’Ajuda, Padre Roberto, Padre Geraldo, Padre Alberto (RED), Padre Josenildo. A todos os seminaristas, as funcionárias da casa paroquial, a Sol, funcionária do centro pastoral, As irmãs carmelitas do Carmelo de São José, aos familiares do Digão e seus amigos que tão bem nos acolheram. Enfim, a toda a comunidade católica de Três Pontas que nos proporcionaram a melhor semana santa de nossas vidas.

Que Deus ilumine a todos e que Maria Santíssima os cubra com seu manto sagrado e protetor de mãe.




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