domingo, 22 de junho de 2008

39 - Missão Marajó, por Elô

Domingo, dia do Senhor, 22 de Junho de 2008.

Meus irmãos, segue mais um belo texto da minha amada irmã de missão Eloísa.

Olá, meus amados...

Vamos a mais um capítulo da Missão Marajó!

Voltando da viagem aos ribeirinhos, dormimos uma noite ainda na casa paroquial... (aqui abro um parênteses para explicar: chegamos em Breves e nossa casa ainda não estava pronta, estava passando por uma reforma, então por alguns dias ficamos num centro de retiros e depois fomos pra casa paroquial, onde ficamos morando por quase um mês)... e então no dia 06 de junho nos mudamos pra nossa casa, que é o Centro Pastoral Santa Maria Madalena de Nagasaki.
No início tivemos algumas dificuldades em casa... nada que não pudesse ser resolvido com muita calma. Bom, por enquanto não temos móveis ainda, além de cama e algumas mesinhas improvisadas. Na cozinha temos o necessário (geladeira, fogão, pia). Mas, o problema maior nos primeiros dias foi a água. A questão
é que a água da cidade não é tratada, ela vem diretamente do rio. Tem uma empresa estadual de água, mas ela não faz o tratamento, ela somente distribui a água do rio. E o mais agravante é que na cidade de Breves não tem sistema de esgoto, então toda a água de cozinha e banheiro vai para a terra. E, ainda, um grande problema que acontece é que os canos arrebentam e toda a água das fossas se mistura com a água do rio, que vai parar nas casas, para tomar banho, para lavar louça, roupa e tudo mais. Portanto, pare um pouco e imagine como é a água!!
Por alguns dias íamos tomar banho na casa paroquial, pois não dava
coragem de tomar banho aqui em casa. Mas, logo o problema foi resolvido. Digão teve uma idéia iluminada de captar a água da chuva. Colocaram calhas na casa e estamos captando água da chuva (agora tomamos banho de chuva todos os dias, rs). E isso funciona assim: captamos a água da chuva em uma caixa d`água e temos que levar essa água para a caixa de cima, que distribui a água pela casa. A paróquia tem uma bomba de água, mas nem sempre está disponível pois fica numa escola. Então, já várias vezes levamos a água pra caixa de cima com baldes! Pense no trabalho! Rsrsrs
E ainda mais uma coisa: agora está entrando o verão aqui, portanto, época de seca. Então, faremos como todo o povo brevense que tem caixa de água em casa (muitos deles não têm): receberemos a água que vem da companhia que distribui, trataremos a água com um produto (não lembro o nome) e depois manda para a caixa de cima essa água pra ser usada na casa.
Bom, é muito fácil para nós pensarmos “nossa! Que dificuldade é ser missionário, estar lá tendo de subir escadas pra levar baldes com água para a caixa”. Mas meu coração se enche de tristeza em pensar que esse povo todo vive assim, com essa água. Andando pelas ruas de Breves, uma das cenas mais comuns é nos depararmos com mulheres, crianças e adolescentes carregando baldes de água que vão pegar em poços artesianos. E quando falo em crian
ças, são crianças mesmo de 6, 7 anos carregando baldes de água. Outro dia a senhora que cozinha para a paróquia partilhava que o trabalho dela é assim: ela sai da paróquia por volta das 15 horas, vai pra casa dela e fica em função da água, enchendo a caixa de baixo e tratando com o tal produto pra que no outro dia tenha água em casa.
Peço a Deus todos os dias pra que nos ensine a reclamarmos menos da nossa vida.
Estamos, agora, dando encaminhamento para atividades que pretendemos realizar: oficinas de artesanato para as mulheres, aulas de alfabetização e formações da Igreja. Logo terei mais informações sobre esses projetos.
Na semana passada visitamos mais de 30 crianças desnutridas, que são acompanhadas pela Pastoral da Criança. E um detalhe é que essas crianças são apenas aqui do bairro onde moramos. O coração grita de dor ao ver essas crianças... olhei pra elas e vi lá no fundo dos seus olhos a esperança de uma vida nova. Estamos enviando solicitações de ajuda para políticos que já se disponibilizaram a ajudar. Continuemos em oração por essas crianças.
Graças a Deus temos visto o Projeto Amazônia caminhando em busca da VIDA E VIDA EM ABUNDÂNCIA!
Na paz de Cristo e na alegria missionária!


“SEM DESCUIDAR DOS QUE ESTÃO PRÓXIMOS, TEM QUE IR EM BUSCA DOS AFASTADOS; SUAS PORTAS ESTÃO ESPERANDO QUE ALGUÉM VÁ BATÊ-LA.” (SANTO DOMINGO)



Texto de Eloísa, Missionária da Missão marajó.

Um comentário:

Cláudio Santos disse...

Paz e vida! Lindas e edificantes partilhas! Deus abençõe esta Santa Missão!