sábado, 31 de outubro de 2009

150 - Dia de Luto, dia de Luta Marajoara

Dia 30 de Outubro de 2009 foi escolhido como o Dia de Luto Marajoara, onde todas as instituições publicas e privadas, pessoas de todos os ramos e seguimentos deveriam estar nas ruas, vestindo preto para denunciar e protestar contra as atuais condições de vida do povo marajoara, especialmente da Cidade de Breves, onde se deu a manifestação. Prefeitura, câmara municipal, sindicatos, escolas, igrejas, comércio, industria, desempregados, adultos e crianças, enfim, todos estavam representados
Cerca de 6 mil pessoas participaram da manifestação, os estabelecimentos comerciais, quase em sua totalidade, foram fechados as 16 horas para aderir ao protesto. Um movimento pacífico, sem conotação partidária, sem conotação religiosa, simplesmente um povo que deseja o desenvolvimento do Marajó, tanto prometido pelos governos federal e estadual, porém que nunca saiu do papel.
Destaque especial devemos dar a questão da educação e da saúde, das empresas que geravam renda para o município de Breves e municípios vizinhos, que foram fechadas lançando para a linha de pobreza 10 mil pessoas somente em Breves.
Estamos de LUTO, mas estamos em LUTA, nessa é a mensagem de um povo que não quer só reclamar, mas que começa a despertar para a reinvidicar o que é seu direito.
A água também, não poderia ser esquecida, num lugar cercado de água como o Marajó, como é concebível que um de seus maiores problemas seja extamente a falta de água potável?
Veja na imagem abaixo o tipo de água que a COSANPA (Companhia de Saneamento do Pará) distribui ao povo de Breves, aliás, mesmo essa água ruim não chega nem a metade da população urbana.
Todos tiveram algo a falar, todos tinham algo a cantar e "chavões" surgiram na passeata, como por exemplo: "Ei, você ai, queremos água, não queremos tucupi" uma comparação da cor da água oferecida ao produto típico paraense.
Caracterizações animaram o percurso, como exemplo na foto acima, uma grande camisa preta que vestia muitos manifestantes.
Quem já viu essa região ser próspera, espera poder deixar essas riquezas para os seus.
Nossos padres participaram ativamente da manifestação, também os meios de comunicação ofereceram vasta cobertura e o compromisso de que esse material seja divulgado em rede nacional, chegue aos gabinetes de quem comanda o estado e o país e, por fim, chegue aos organismos internacionais que falam tanto de proteger a Amazônia e esquecem-se de proteger os amazônidas.
Um grande abraço a Praça do Operário, símbolo da prosperidade de Breves, tão distante de nossa realidade, mas próximo no desejo desse povo de resgatar a sua dignidade.
O hino de Breves cantado por 6 mil pessoas que a chamam de "Jóia do Marajó". Seria pedir muito aos nossos governantes para que olhassem com mais carinho para esse povo que é realmente de "beleza rara"?
Ficam essas belas imagens como mensagem de que aqui vive um povo que sofre com o desemprego, com um dos mais baixos IDH do país e que deseja somente sobreviver com a sua própria capacidade de gerar riquezas.
Não é um chamamento para o conflito, para a briga, mas é um pedido de PAZ que está na cabeça e no coração do povo marajoara.

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