terça-feira, 7 de outubro de 2008

60 - CASINHAS DE PERIFERIA

"Observa o teu culto a família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens."




Terça-feira, 07 de outubro de 2008. Dia de Nossa Senhora do Rosário.

Dias atrás eu pensava em descrever uma casinha da comunidade Cidade Nova II aqui em Breves. Hoje me deparei com uma mensagem escrita pelo genial Padre Zezinho falando de uma casa de periferia em Itapevi.
Ela não é diferente das casa de periferia aqui de Breves.
Pessoas amontoadas em pouco espaço, problemas de casamentos mal estruturados, desemprego, uma estranha religiosidade que mistura catolicismo com qualquer coisa, uma solidariedade dos pobres com os outros pobres...
Não vi mais a necessidade de escrever um texto, ele já estava pronto, só mudaria os personagens e o endereço, no resto é igual em Itapevi, em Breves, em Cariacica ou qualquer periferia por esse Brasil.

Que Deus ilumine os novos governantes municipais para que eles olhem para as periferias de nossas cidades.

Segue o texto na íntegra com fotos de Cidade Nova II...

Casinhas de Periferia


Não possuem mais que um banheiro, não tem hall social, nem elevador, nem sala de estar, nem copa-cozinha, nem banho social, nem suite, nem área de serviço, nem sala-dormitório, nem alpendres, nem varandas, nem sala de jantar. Despensa, armários embutidos, lustres, nem pensar. São um quarto para usar durante o dia e dormir à noite, um outro que vira cozinha e um banheiro contíguo e nada mais.
Literalmente nada mais. Moram lá sete pessoas entre avós, mãe e filhos. O companheiro foi morar com outra.

É apenas mais uma casinha de periferia, das milhares penduradas naqueles morros de Itapevi. Ofereceram-me café com bolinho frito no óleo já usado três vezes. Não fez mal a eles, não fez a mim. Faz seis meses que ninguém ali está empregado. Vivem de vender alguma bijuteria que ela faz ou algum boneco de pano que uma dona de loja compra para ajudar. O companheiro fez um filho numa outra mais jovem e foi morar com ela, umas ruas acima. De vez em quando ele vem com panca de quem ainda manda, mas ninguém lhe dá ouvidos.
Foi embora porque quis, agora vai porque o mandam. O clima tem sido tenso. Ele acha que pode vir comer durante o dia quando entra comida boa e dormir com a outra de noite. Assim, não dá! Ela não quer vê-lo por perto.


São católicos. A mãe dela freqüenta uma igreja evangélica fundada ali perto mesmo. Diferente das comadres que vão lá, ela não força a filha, porque vê valor nos padres e na Igreja Católica. O pastor já lhe chamou atenção por não dar Jesus à filha, mas ela respondeu dizendo que se ele insistir nisso quem vai embora de lá é ela.
Igreja evangélica é o que não falta na periferia. É gente serena e boa.

A comadre vizinha ficou doente e mãe e filha cuidaram dela por três meses. Era como se fosse uma só casa. As vizinhas traziam comida, faziam o chá e se revezavam para por a Dona Júlia de pé. E puseram.
A assistente social elogiou o trabalho delas. Tudo com um famoso pozinho levanta-defunto que uma arrumou na Igreja Católica de uma paróquia de Minas Gerais. Punham na sopinha. Ajudou demais. Um fortificante feito de folhas, casca de ovo e uns dez ingredientes que superalimenta os doentes. Dona Júlia vem me contar como é que foi.
Está corada. Já mandou buscar mais.

São as casinhas de periferia. Quem não foi lá não sabe do que estou falando. Por fora parecem feias, mas lá dentro tem gente linda. Impressionantemente humanas e boas. Se for convidado, vá. Vale mais do que um tratado de sociologia!

Pe. Zezinho, SCJ


“É, em grande parte, no seio das família que se prepara o destino das nações.”

Papa Leão XIII

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